O seu hotel está preparado para a revolução da IA generativa?

Se aprendemos alguma coisa neste tempo, é que o sector do turismo e hotelaria está perante uma oportunidade única... e também perante um desafio urgente: adaptar-se ou ficar para trás.

Enquanto lê isso, a IA generativa está a avançar a uma velocidade imparável e está ta ransformar a maneira como trabalhamos, viajamos e consumimos serviços. Mas em que ponto nos encontramos hoje?

 

A adoção da IA está a acelerar (mais do que pensa)

Apenas nos últimos seis meses, o ChatGPT aumentou exponencialmente sua base de usuários ativos semanais, passando de 300 para 400 milhões de pessoas que usam Inteligência Artificial de forma recorrente.

E isso é apenas a ponta do iceberg. Esse crescimento reflete uma tendência clara: a IA generativa está atornanr-se comum em milhares de empresas, de grandes corporações a pequenas empresas.

Mas nem todo mundo  a está usando da mesma forma. O número de usuários "avançados", aqueles que não apenas fazem perguntas, mas automatizam processos e criam agentes especializados, também está a crescer rapidamente. E queremos que seja um deles.

 

Que funções já estão a ser afetadas?

De acordo com o Índice Económico Antrópico, elaborado pela empresa Anthropic criadora de um dos modelos de linguagem mais poderosos, Claude, essa tecnologia está transformando certas profissões-chave.

Depois de analisar aproximadamente 1 milhão de conversas na sua ferramenta, a Anthropic diz que a IA generativa atualmente está focada principalmente em desenvolvimento de software e tarefas de copywriting. 36% das profissões já utilizam IA em pelo menos 25% das suas tarefas. O uso de IA é mais comum em profissões de salário médio-alto, como programadores e analistas de dados. Além disso, 57% dos casos de uso são de IA que "aumenta" as capacidades humanas e 43% onde as automatiza.

É importante notar que este estudo está apenas analisando conversas no Claude, uma das ferramentas de IA mais poderosas na geração de código, e que essa ferramenta não gera imagens ou navega na web como o ChatGPT faz

 

A urgência de começar AGORA

Como diz a publicação de Alberto Romero "A AGI já está aqui, só que não distribuída uniformemente": a inteligência artificial está entre nós, mas nem todos a estão implementando no mesmo ritmo.

A realidade é que quanto mais tempo demorar para começar, maior será a diferença em relação aos seus concorrentes. Grandes marcas já estão a criar ecossistemas onde a Inteligência Artificial e as pessoas trabalham juntas para melhorar a eficiência operacional e a experiência do cliente.

Porque a verdade é que a mesma ferramenta, por exemplo o ChatGPT, na mão de uma pessoa que sabe estruturar as indicações (conhecidas como "prompts"), criar assistentes personalizados, e usar o modelo e funcionalidades corretas (40 ,03, 4.5, deep research, canvas)  vai funcionar muito melhor e dar resultados muito melhores do que uma pessoa que a usa de forma "superficial".

 

O que os especialistas fazem para que a IA funcione melhor? 

Como salienta Alberto,  "Os modelos de IA estão a melhorar, mas não estão a tornanr-se mais acessíveis para usuários inexperientes. Extrair todo o seu potencial ainda requer habilidades robustas de instrução de humano para máquina. Na verdade, à medida que os modelos são mais poderosos, o potencial de ganho cresce, assim como a experiência necessária para extrair o máximo do desempenho. Portanto, a instrução (prompt) não só ainda é importante, como é mais importante do que nunca."

Que classificação daria às suas habilidades de "prompting?" Aqui está uma sugestão, da próxima vez que "falar" com sua IA favorita, trate-a como um estagiário que tem acesso a uma enorme quantidade de informações.Tem que ter tempo para dar-lhe as instruções de uma forma clara e específica, compartilhar o contexto, dizer-lhe por que quer o que pede, e não ter medo de corrigi-lo e pedir melhorias.

 

Que desafios vemos na indústria hoteleira?

Da Hospitalidad Emprendedora, depois de ter formado dezenas de equipas hoteleiras; Executivos, gerentes e rececionistas, detetamos os seguintes desafios:

— Falta de conhecimento prático sobre o que a IA generativa pode fazer hoje. Quais são as suas capacidades e limites? Infelizmente, a grande maioria das pessoas não escava além da superfície e não explora diferentes ferramentas e casos de uso.

— Resistência cultural e um certo medo. Para quê exatamente? Sentir-se "inútil" face às capacidades da IA? Não está a obter os resultados certos? Deixar-nos em "evidência" e correr o risco de perder o emprego? A verdade é que não sabemos, mas detetamos um certo medo e relutância. Provavelmente está ligado ao ponto anterior, é mais fácil temer algo que não sabemos. Não se preocupe, a Inteligência Artificial não vai aceitar o seu trabalho, mas outro profissional que o domine o fará.

— Não investem o tempo necessário. Sabe qual é a melhor coisa desta grande revolução tecnológica? Que todos nós tenhamos acesso a experimentar ferramentas super poderosas. Estão todos lá, ao vosso alcance e ao nosso. Muitos deles oferecem testes gratuitos, e aqueles que são pagos têm um modelo de assinatura bastante acessível. Portanto, a falta de acesso não é um problema. O que vemos é que muitas empresas e profissionais não investem parte do seu tempo na exploração e experimentação de ferramentas de Inteligência Artificial. Aplique parte do seu tempo esta semana para "jogar" com novas ferramentas.

— Dificuldade em detetar casos de uso reais em hotelaria. São muitos tutoriais, publicações e até cursos e mestrados em Inteligência Artificial. Mas o que os profissionais do setor precisam é de formação especializada, que saiba transferir tarefas do dia-a-dia para estas ferramentas, o que os ajuda a identificar casos de uso para implementar a IA no seu trabalho. Talvez seja por isso que os nossos workshops e conferências são tão bem recebidos, porque temos experiência de trabalho em hotelaria e sabemos exatamente quais as tarefas que podemos fazer de forma mais eficiente com esta tecnologia. Convidamo-lo a assistir à nossa apresentação na Fitur Techy 2025 para ter uma ideia do que estamos a dizer.

Sente-se identificado com estes desafios? Não se preocupe, contorná-los não é uma tarefa muito complicada. Na nossa experiência pessoal, vimos que com uma boa formação é possível quebrar essas barreiras e gerar mudanças tangíveis.

 

Por onde começar?

A nossa recomendação para qualquer hotel ou empresa de alojamento é clara:

— Formação específica, envolvendo todos os departamentos possíveis. A IA não tem o mesmo impacto na receção, no marketing ou revenue. Todos são especialistas na sua área e devem aprender a tirar partido desta tecnologia a seu favor.

— Criar uma equipe interna de "campeões de IA". Designe um grupo de pessoas para liderar a adoção dentro da sua empresa. Pode ser uma ótima maneira de motivá-los. Lembre-se de dar-lhes os recursos necessários para realizar o seu trabalho. Permita que eles explorem e cometam erros, nem a IA nem os humanos são perfeitos.

— Identificar processos-chave que agora são manuais e repetitivos. Estes são os processos com maior probabilidade de serem automatizados e otimizados com Inteligência Artificial. Parte da mudança mental que devemos fazer não é pensar que a Inteligência Artificial vai tirar os nossos empregos, mas que, hoje, há seres humanos a executar tarefas de trabalho que é melhor deixar para as máquinas. Permita que os seres humanos acrescentem valor a tarefas mais humanas.

 

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Estamos perante uma revolução tecnológica sem precedentes. E a Hospitalidad Emprendedora  quere ter a certeza de que e a sua equipa é protagonistas desta mudança, não espectadores.

 

 

 

 

Albert Pérez Llanos e Gian Franco Mercado são dois empresários da hotelaria que criaram o podcast sobre empreendedorismo e desenvolvimento pessoal Hospitalidad Emprendedora.

 

Imagem gerada por ChatGTP