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TecnoHotel Portugal entrevista o Presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal

A TecnoHotel entrevistou o presidente do Turismo do Porto e Norte de Portuga, Luís Pedro Martins sobre o Turismo e a situação pandémica e  as consequências para a setor.

28-10-2020

TecnoHotel Portugal entrevista o Presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal

A TecnoHotel entrevistou o presidente do Turismo do Porto e Norte de Portuga, Luís Pedro Martins sobre o Turismo e a situação pandémica e  as consequências para a setor.

THP — Dado o contexto pandémico atual, como caracteriza o estado do turismo na sua região? TPNP — O turismo vive momentos difíceis, algo que é transversal a todas as regiões do mundo. Somos um dos setores mais afetados por uma crise sanitária que veio inverter uma forte tendência de crescimento exponencial. As medidas impostas e necessárias para conter a pandemia foram um rude golpe num setor com uma grande preponderância no contexto económico nacional, mas não há outra solução que não seja ser resiliente, adaptarmo-nos à nova realidade e dar o melhor de nós para que o turismo volte à bitola pré-pandemia. Os turistas não se esqueceram do destino, que ganhou inúmeros vários prémios internacionais e que, comparativamente com alguns concorrentes diretos, teve uma situação sanitária menos preocupante. Na tradicional época alta, que terminamos recentemente, registamos uma ligeira recuperação, mas apenas circunscrita aos territórios de baixa densidade, que sabemos possuem menor capacidade instalada. No entanto, números muito longe dos valores normais. 

Nos primeiros oito meses do ano, em termos de dormidas totais, o Porto e Norte decresceu (57,4%, Tvh), gerando 3,1 milhões de dormidas, consolidando a terceira

posição no Ranking Nacional, (com a quota de 17,07%). Significa uma perda de 4,1 milhões de dormidas, em comparação com Janeiro/Agosto de 2019.

Mantendo o número 3 do ranking, o Porto e Norte teve uma quebra de 41,8% nos proveitos totais, passando de 427,9 milhões para 163,6 milhões de euros, menos 264 milhões. Ainda à semelhança dos demais destinos regionais, o Porto e Norte tem tido quase metade do RevPar mensal em relação ao período homólogo de 2019. Por exemplo, em Agosto, passou de 62,4 euros para 37,4 euros.

THP — A pandemia do Coronavírus obrigou ao fecho de muitas fronteiras. Posto isto, quais são as nacionalidades que têm visitado mais a região? TPNP — A atividade turística tem sido assegurada na sua esmagadora maioria pelo mercado nacional. Paulatinamente, registamos uma crescente presença do mercado espanhol, que é o nosso primeiro mercado emissor internacional, se bem que muito longe dos valores registados em anos anteriores. Embora em números insignificantes, também tivemos o regresso de turistas de França, Alemanha e Itália. A nossa região que é marcadamente um destino internacional, tem sido duramente afetada pelo impacto negativo da crise sanitária.   THP — A quebra do turismo provocou um crescimento do desemprego. Já existe uma noção clara de números e do impacto sentido?  TPNP — Era inevitável que existissem problemas a esse nível quando as empresas estiveram meses com perdas totais. Todavia, medidas como o lay-off mitigaram, um pouco, essa situação. Ainda existe um grande grau de incerteza e ainda é cedo para fazer uma avaliação concreta dos efeitos desta crise a nível de postos de trabalho e encerramento de empresas, sabendo que essa vai ser uma triste inevitabilidade. Embora todos estamos conscientes de que o tecido empresarial, direta e indiretamente dependente do turismo, essencialmente internacional, não terá a mesma configuração, em diversidade e quantidade de oferta que disponibilizava no mercado antes da crise sanitária.  THP —  Quais foram as medidas de apoio a que tiveram direito? TPNP —  As Linhas que foram disponibilizadas para as empresas e para o setor do turismo, seja para os impactos imediatos da pandemia, seja para a reabertura dos estabelecimentos, seja para a retoma do setor, têm sido fontes importantes para Reerguer o Turismo da Região, com muitas candidaturas de empresas do nosso território, demonstrando uma grande resiliência e empenho das empresas do setor.

Durante o confinamento, as empresas não pararam e trabalharam bastante,  na preparação do reinício das suas atividades, aproveitando a região os apoios COVID-19 que o Governo disponibilizou, seja ao nível das moratórias do pagamento de impostos e taxas, seja nos apoios diretos à manutenção de emprego (layoffs simplificados, por exemplo), mas sobretudo recorrendo aos apoios imediatos de combate aos impactos da pandemia, seja a Linha de Tesouraria do Turismo de Portugal, para Microempresas.

Para a retoma das atividades económicas, as empresas da região acorreram às Linhas ADAPTAR, para criar as condições de segurança e confiança nos estabelecimentos, estratégia esta que também integra o selo Clean & Safe.

Com o reforço da Linha de Tesouraria das Microempresa, do Turismo de Portugal, mas também com o reforço e ajuste da Linha de Apoio à Economia, com mais 1 milhões de euros de apoios, no âmbito da SPGM e Banca, sentiram-se algumas melhorias, mas o cenário continua ainda demasiado preocupante. São, contudo, necessárias mais medidas que com maior capacidade e até a fundo perdido possam ajudar as nossas empresas, a mais rapidamente caminhar para a Retoma do nosso Setor, permitindo que este volte a ser um fator decisivo de sucesso da economia no nosso país.

Outras medidas foram também propostas que vemos como positivas, sendo elas:

  • • IVAUCHER - Os contribuintes vão poder abater o IVA pago nos setores do alojamento, restauração e, também, na cultura. Aquele IVA que pagarem num trimestre vão poder gastar no trimestre seguinte (200M€);
  • • Reforço do Programa Valorizar para apoiar a oferta (com enfoque nos territórios de baixa densidade);
  • • Manter os Programas Revive Património e Revive Natura;
  • • Reforço financeiro para a captação de Rotas Aéreas;
  • • Apoio à manutenção do emprego e retoma progressiva da atividade (geral, mas com maior majoração na área do Turismo).
THP — Quais as suas previsões para o futuro do setor? TPNP —  Depois desta tormenta, estamos confiantes que o setor vai conseguir voltar aos patamares de fevereiro deste ano e mais rapidamente do que muita gente augura. Já em outras alturas de crise, como aconteceu com a crise das dívidas soberanas, se estimava que fossem necessários dez anos para recuperar, esses presságios foram manifestamente exagerados. Nem todos conseguiram atravessar estas dificuldades, gostaríamos que assim não fosse, mas como em todas as graves crises, alguns caíram por terra, temos a obrigação de tudo fazer para que esse número seja o menor possível. Quanto ao regresso dos turistas, esses não se vão esquecer de nós e sabem que o País e o Porto e Norte em particular permite-lhes uma estadia inesquecível, por força da sua grande diversidade. Sem qualquer retrocesso na crise sanitária, estou convencido de que a Páscoa de 2021 pode marcar um momento de viragem. Acredito que o mundo não será muito diferente do que era antes da Pandemia, as pessoas não vão ser diferentes, a vontade de viajar é inata ao ser humano e assim continuará a ser. 

 


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