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Mudar de emprego, casar ou ter filhos, investir em casa, carro ou mercados financeiros estarão fora dos planos dos portugueses para 2021.
28-02-2021
Os investigadores do ISAG-European Business School e do Centro de Investigação de Ciências Empresariais e de Turismo da Fundação Consuelo Vieira da Costa (CICET-FCVC) procuraram compreender quais as principais expectativas das famílias portuguesas para 2021, no adverso contexto trazido pela COVID-19. Com 76,2% dos inquiridos a admitirem estar pessimistas ou muito pessimistas acerca da evolução da economia portuguesa, o estudo “Lifestyle e decisões de investimento das famílias portuguesas em 2021” mostrou que este será um ano de estagnação no que diz respeito às grandes mudanças de vida e investimentos.
Desde logo, uma mudança de emprego estará fora dos planos para 77,9% dos inquiridos e 84,7% indicaram mesmo que não estavam à procura de novo trabalho. Nas decisões familiares, casar não será opção para a maioria e ter filhos não acontecerá, em 2021, para 94,1% dos inquiridos que já os têm e para 89,8% dos que não têm filhos.
Valores semelhantes foram encontrados na avaliação das decisões de investimento, como comprar casa: 82,8% dos inquiridos que não têm habitação permanente não procurarão comprá-la em 2021 e, entre os que já a têm, 91% não irão fazer nova compra. Quanto ao carro, 85% revelaram não pretender fazer uma primeira compra em 2021 e 94,2% dos que já têm veículo próprio afirmaram não querer voltar a investir.
Em 2021, 71,3% do total dos respondentes também não demonstraram propensão para investir em títulos financeiros. Já para os 28,7% que poderão fazê-lo, os instrumentos financeiros estáveis, como os certificados de aforro ou do tesouro, serão as opções mais procuradas, sobretudo, pelas gerações mais velhas (Baby Boomers e Geração X).
Apesar de este ser um ano em que poucos tencionam realizar investimentos, o estudo, ao comparar as várias gerações, mostrou que os Baby Boomers (61 aos 78 anos) estarão disponíveis para gastar mais dinheiro tanto em investimentos financeiros (numa média superior a 61 mil euros) como na compra de carro (mais de 39 mil euros). Já na compra de habitação, será a Geração X (40 aos 60 anos) a gastar mais, com um investimento médio de mais de 482 mil euros.
As perspetivas dos portugueses para 2021 terão sido impactadas pelo aumento do seu desconforto financeiro. 19,6% dos inquiridos admitiram que a sua situação financeira era desconfortável ou muito desconfortável, quando, antes da pandemia, apenas 7,3% o indicavam. Do mesmo modo, do cenário antes da pandemia para o atual, houve uma diminuição dos 66,6% para os 52% nos inquiridos que se diziam confortáveis ou muito confortáveis com as suas finanças.
Também como parte da justificação para a menor propensão dos portugueses para assumir riscos em relação a investimentos e grandes decisões de vida, surgiu a perceção sobre a COVID-19, que mais de 85% dos respondentes classificaram como uma doença perigosa e com graves consequências para a saúde.
O estudo “Lifestyle e decisões de investimento das famílias portuguesas em 2021” foi realizado entre dezembro de 2020 e fevereiro de 2021, através de um inquérito online que permitiu alcançar uma amostra de 1.063 respondentes residentes em Portugal. A investigação foi orientada pelas coordenadoras científicas do CICET-FCVC e docentes do ISAG – European Business School, Professora Ana Pinto Borges e Professora Elvira Vieira.
Millennials: a estabilidade do emprego e os investimentos de riscoAs conclusões do estudo do ISAG-EBS e do CICET-FCVC destacaram, de forma particular, os Millennials (18 aos 39 anos), já que esta geração, ao contrário da tendência que se acentuava, mostra estar atualmente a abandonar a mobilidade laboral que a caracteriza.
“Se compararmos a outras gerações, continuarão a ser os Millennials os mais disponíveis para mudar de emprego. No entanto, apenas 31,6% destes Millennials admitiram fazê-lo em 2021, um valor muito baixo quando pensamos que a troca frequente de emprego, com a procura de novos desafios e oportunidades, é característica desta geração”, explicam as coordenadoras científicas do CICET-FCVC e docentes do ISAG – European Business School, Professora Ana Pinto Borges e Professora Elvira Vieira. “De referir ainda que 85,9% dos que afirmaram querer mudar de emprego irão procurar trabalho por conta de outrem, desvalorizando a criação de negócios e o empreendedorismo que vinham crescendo, nos últimos anos, entre os Millennials”, acrescentam.
De acordo com o estudo, o risco a nível laboral está a transitar, no caso dos Millennials, para os investimentos financeiros. “Apesar de apenas 32% dos Millennials quererem, em 2021, investir na área financeira, esta é a geração que mais admitiu fazê-lo em produtos de risco como as cripto-moedas”,destacaram a Professora Ana Pinto Borges e Professora Elvira Vieira.
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