Gestão
18-02-2019
Os hotéis que optaram pela qualidade constatam que a Food & Beverages (F&B) têm grande impacto no negócio. A ascensão da F&B "mudou todas as bases da indústria hoteleira", disse recentemente à EFE, Enrique Lezcano, diretor da Restauração e Bebidas da rede Meliá em Espanha.
Mas o setor ainda está a dar os seus primeiros passos em Espanha. Na verdade, na Ásia, a percentagem da F&B no hotel chega a 50%, porque tratam-se de "instalações muito grandes que abrigam casinos, complexos de banquetes e até três chefes com estrelas Michelin no mesmo hotel", explica.
Efetivamente, um dos aspetos mais importantes das viagens de férias é a gastronomia. Tornou-se o principal foco dos gastos durante as férias, especialmente para a geração Millennial, e 80% dos profissionais do setor hoteleiro consideram-no um fator determinante quando se trata do crescimento do negócio.
Os gourmets, como esses viajantes fanáticos da boa comida são conhecidos, vieram para ficar e o setor hoteleiro tem que aproveitar. Gostam da comida, da apresentação dos pratos e sobrecarregam o Instagram com milhares de fotos gastronómicas. Mas, como satisfazer esses clientes tão exigentes?
O fundamental: não fornecer uma experiência medíocre.
É necessário inovar o menu
Comida local e arriscada. As pessoas viajam para experimentar coisas novas e criar memórias duradouras.
A comida, sem dúvida, pode estar muito ligada a ambos.
Os viajantes estão cada vez mais curiosos e preocupados com a origem dos seus alimentos e da forma como chegam ao seu prato. Por essa razão, à medida que os hóspedes se preocupam mais com a saúde, as opções para alimentos locais são as mais indicadas. Além disso, apostar na gastronomia típica do destino ajuda os restaurantes dos hotéis a competir com os restantes restaurantes.
Ainda assim, é importante considerar que a maioria dos clientes dos restaurantes de hotel serão os próprios hóspedes. E muitos deles estarão em visita ao destino pela primeira vez e, por conseguinte, hão de querer imergir na cultura local. Da mesma forma, as pessoas estão mais propensas a experimentar durante as suas férias, pelo que quanto mais oportunidades exóticas são oferecidas no menu, melhor. Não se esqueça também das cervejas artesanais, os vinhos locais e os coquetéis elaborados com licores locais. Portanto, é cada vez mais normal para os hotéis contratar chefes que experimentam sabores e texturas, mas isso, por sua vez, mantém um relacionamento próximo com os produtores locais para garantir a autenticidade das suas refeições.
EXPERIÊNCIA, EXPERIÊNCIA, EXPERIÊNCIA
O atendimento ao cliente é essencial para ter sucesso num restaurante de hotel. É essencial que o local seja tão acolhedor e hospitaleiro quanto possível. Os viajantes têm de sentir-se em casa. Todos os hóspedes devem ser tratados de forma personalizada e sem preconceitos. Temos de fazer com que o cliente se sinta importante. A experiência gastronómica do hotel deve ser tão cuidadosa quanto os colchões, os travesseiros ou a temperatura do quarto.
E por que não organizar degustações de vinhos, concursos de coquetéis ou degustação de produtos artesanais no restaurante do hotel? Esse tipo de experiência está a crescer e, além disso, gerará mais rendimentos para o hotel.
O RESTAURANTE VISTO COMO UM NEGÓCIO ÚNICO
O restaurante de um hotel deve ser compatível com o resto da propriedade e refletir a sua essência, mas também deve poder operar como uma entidade separada para maximizar os lucros.
Obviamente, é difícil para um dono de hotel ter a mesma matiz e atenção aos detalhes que os restaurantes de luxo têm. Mas o consumidor de hoje pode descobrir as limitações do restaurante e do serviço em questão em segundos através da leitura de alguns comentários. Por conseguinte, evitemos essas experiências gastronómicas medíocres para que a maioria dos comentários sejam positivos.
Uma técnica que muitas vezes é muito bem-sucedida consiste em dar ao restaurante uma identidade própria: deve ter o seu próprio nome, o seu próprio site e as suas redes sociais. A geração de uma marca ajudará mais tarde a separá-lo do hotel e a procurar um cliente exclusivo.
Finalmente, é importante ter o preço em consideração. Ou seja, ter preços razoáveis ajuda tanto o restaurante como as áreas comuns do hotel a tornarem-se espaços de reunião entre hóspedes e moradores locais.
O que pode também ser útil para que os moradores locais recomendem o nosso hotel a outras pessoas que estão a procura de alojamento. Ainda assim, duas tendências são oferecidas: hotéis com restaurante totalmente separado do alojamento e que organizam atividades em paralelo e aqueles que apostam na interconexão do vestíbulo com o salão para incentivar a interação entre os hóspedes e os moradores locais.
UM INCENTIVO PARA OS GRUPOS
O F&B do hotel oferece também uma grande oportunidade para aumentar os rendimentos das reservas de grupos. Como foi dito no início, os rendimentos da restauração e bebidas já representam cerca de 35% do rendimento total do hotel. Ser o próprio hotel a organizar as refeições é um incentivo que os operadores turísticos apreciam.
Mas para o conseguir é importante apostar na rentabilização dos espaços para transformá-los em espaços F&B. Levar a gastronomia a lugares não tradicionais agrada aos hóspedes, pois é uma forma de os atrair e de os encorajar a jantar no hotel. Além disso, dar espaço a outras empresas para realizar coquetéis e eventos ajuda a abrir as portas do hotel a outros públicos.
Em resumo, terraços, pátios ou mesmo o vestíbulo podem ser convertidos em espaços de F&B muito rentáveis para o quarto.
Por exemplo, o Charlotte Marriott City Center impulsionou uma experiência gastronómica única ao instalar uma cozinha LG completa no espaço de reuniões do hotel. Isso permite que a experiência gastronómica se adapte perfeitamente a todos os tipos de eventos ao oferecer aos participantes uma experiência mais empolgante e atraente.