Formação

XIX Congresso ADHP celebrou em Albufeira a “alma” dos hotéis

Ao longo de dois dias, 677 congressistas acompanharam os trabalhos do Congresso da Associação dos Diretores de Hotéis de Portugal (ADHP).

05-04-2023 . Por TecnoHotel Portugal

XIX Congresso ADHP celebrou em Albufeira a “alma” dos hotéis

O XIX Congresso ADHP decorreu nos dias 30 e 31 de março no Palácio de Congressos do Algarve, no hotel NAU Salgados Palace em Albufeira. As sessões de trabalhos reuniram 677 congressistas para debater os principais temas que marcam a agenda da hotelaria nacional.

 

No ano em que a ADHP comemora o 50.º aniversário, o principal evento da associação acolheu também o Encontro Internacional de Diretores de Hotéis.

 

Na noite do primeiro dia de Congresso teve lugar a tradicional cerimónia de entrega dos Prémios Xénios 2023, que voltaram a reconhecer a excelência na hotelaria.

 

Sustentabilidade social e gestão na incerteza em destaque no primeiro dia de trabalhos

 

Na primeira sessão do dia, “Sustentabilidade Social – Estudo do Mercado de Trabalho”, o professor Carlos Costa (Universidade de Aveiro) apresentou as principais conclusões de um estudo levado a cabo para a Secretaria de Estado do Turismo e para o Turismo de Portugal. A realização pessoal, a falta de bolsas de investigação para o turismo e as desigualdades, designadamente no acolhimento de hóspedes com necessidades especiais, foram alguns dos tópicos em destaque. 

 

“Gestão na Incerteza”, mote do Congresso, foi o segundo e último painel do dia, moderado por João Simões (CEO da Sogenave). Alexandre Solleiro (CEO da Highgate Portugal), Carlos Alves (diretor regional de operações na Vila Galé Hotéis) e Hélder Martins (presidente da AHETA) trocaram impressões sobre alguns momentos críticos na gestão de operações hoteleiras, como a pandemia de COVID-19. Também foram discutidas ferramentas para fazer face à incerteza, como os planos de contingência, o reforço financeiro e as soluções tecnológicas. No centro das considerações, o “capital humano” foi um ponto consensual. “Este é um negócio de pessoas: são pessoas que acolhem pessoas, que tratam bem as pessoas. E é isso que faz com que os hotéis possam ser o que são. E são os diretores de hotel que dão a alma esses hotéis. Por muito bom que seja um hotel, se ele não tiver alma, ele não existe”, sumarizou Alexandre Solleiro.

 

Segundo dia debateu cibersegurança, dados e talento

 

O segundo dia de Congresso arrancou com um painel sobre cibersegurança na hotelaria, que juntou o professor Pedro Moita (pró-presidente da ESHTE), o professor Pedro Machado (coordenador científico e presidente da Assembleia-Geral do CESICP) e Miguel Farinha (Paybyrd). A discussão incidiu sobre o papel central que as políticas e os procedimentos de cibersegurança têm na operação e na reputação das unidades hoteleiras, bem como a resposta que os hotéis podem dar em situações críticas. “O setor do turismo é profundamente crítico para Portugal: qualquer agenda que exista no contexto geoestratégico coloca as unidades hoteleiras na mira”, referiu Pedro Machado. Pedro Moita alertou para os “danos à reputação do hotel e danos financeiros drásticos” associados aos ciberataques, exortando os hoteleiros a olharem para a segurança informática como “olham para a segurança alimentar e outros temas da segurança de um hotel”. Já Miguel Farinha sublinhou a importância de incutir os procedimentos de cibersegurança “na formação, na contratação, em toda a parte de gestão operacional da unidade hoteleira”.

 

Ainda durante a manhã, a apresentação “Empresa Social by THF” explicou brevemente em que consiste uma empresa social. Num setor em mudança, Susana Garrett Pinto (fundadora e CVO da THF) sublinhou a importância de “dignificar a pessoa para além da sua função”, implementado uma “liderança transformadora, pelo exemplo”.

 

Cristina Blaj (CEO e fundadora da Open Revenue Consulting), Fulvio Giannetti (CEO da Lybra Tech Intelligent Revenue Assistant), João Freitas (director of Growth & Partnerships da Host Hotel Systems) e Miguel Silva (CEO da MTI – Managing the Intelligence) debateram “A importância dos Dados para Cenários Previsionais”. No centro da discussão esteve a forma como a tecnologia pode contribuir para uma hotelaria mais eficiente, designadamente através do reforço da capacidade de análise de dados a nível da sustentabilidade, do desempenho financeiro e da personalização da experiência do hóspede. Sobre a relação com a evolução tecnológica, encarada por alguns como uma ameaça a postos de trabalho, Miguel Silva considerou que, na hotelaria, “os robots não vão tirar o lugar dos trabalhadores, porque não conseguem criar empatia. O futuro são os dados e a tecnologia, com o ser humano”.

 

O último painel do dia, “Novas Tendências do Talento na Hospitalidade”, reuniu João Vieira (diretor de Recursos Humanos do Corinthia Hotel Lisbon), Madalena Carey (diretora da Happiness Business School), Rosário Pinto dos Santos (hospitality recruiter na Stamina Hospitality) e Jose Soler (Les Roches). A “indústria da felicidade” foi um dos principais tópicos de conversa numa altura em que a hotelaria enfrenta limitações ao nível dos recursos humanos. Para Rosário Pinto dos Santos, os diretores de hotéis devem ser “mais gestores” por forma a identificar défices e “fazer melhor dentro para captar mais pessoas”. “Se estamos na indústria da felicidade, as primeiras pessoas que temos de fazer felizes são as pessoas que estão connosco”, acrescentou João Vieira.

 

Secretário de Estado do Turismo, Comércio e Serviços assume necessidade de revisão das categorias profissionais

 

No encerramento do XIX Congresso ADHP, Nuno Fazenda saudou a associação pela “consistência” na defesa “dos interesses dos diretores de hotel e do setor do turismo”, destacando o papel do XIX Congresso enquanto fórum de debate para “ajudar não só os empresários, mas também quem tem responsabilidades políticas, para fazer mais e melhor com base nesses inputs”.

 

O secretário de Estado do Turismo, Comércio e Serviços abordou, também, a recém-anunciada “Agenda para as profissões do turismo”, um documento aberto que apresenta 20 medidas para aumentar o número de profissionais do turismo em Portugal. Um dos projetos incluídos nesta agenda estratégica é a “Campanha de valorização dos profissionais do turismo”, uma iniciativa que tem sido continuamente defendida pela ADHP e para a qual a associação tem contribuído como interlocutor ativo.

 

Ainda em linha com as preocupações manifestadas pela ADHP e reforçadas no discurso de encerramento de Fernando Garrido, Nuno Fazenda assumiu publicamente que é necessário “trabalhar a revisão das categorias profissionais”, anunciando que essa revisão constitui uma prioridade no âmbito da “Agenda para as profissões do turismo”.

 

Também Fernando Garrido, presidente da ADHP, se dirigiu aos presentes, assinalando a importância do Congresso para colocar em discussão as “preocupações diárias” dos diretores de hotel. O dirigente destacou temas como o aumento dos custos energéticos, dos bens e dos serviços, a segurança das pessoas e as greves previstas para os aeroportos europeus, deixando ainda uma nota à “venda da TAP a um potencial comprador europeu”.  “Há a possibilidade de transformar os aeroportos nacionais em, quase, aeroportos secundários de outros países”, alertou Fernando Garrido, sublinhando “o incómodo” que a ADHP tem manifestado quanto à antiguidade da questão do aeroporto de Lisboa.

 

O presidente da ADHP destacou, ainda, a “necessidade de reconhecer as profissões e os profissionais do setor”. Fernando Garrido adiantou que “não podemos ter uma estrutura de remuneração baseada em categorias profissionais inexistentes”, apelando ao “reconhecimento público, social e financeiro” para assegurar que as profissões da hotelaria “são desempenhadas por profissionais competentes e altamente formados”.

 

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