Qual o papel que a Amazon pode desempenhar no setor das viagens?

Estes acordos, que incluem colaborações com grandes marcas como a Carnival Cruise Line, a Viator do Tripadvisor e a Southwest Airlines, suscitaram um intenso debate sobre o futuro da Amazon no sector das viagens. Com um alcance global e um profundo conhecimento do comportamento do consumidor, a Amazon parece ter potencial para perturbar o status quo da indústria de viagens. No entanto, será suficiente para o tornar protagonista?

Um gigante com potencial, mas pouco foco

Lorraine Sileo, analista sénior e fundadora da Phocuswright Research, destaca a capacidade da Amazon de recolher e utilizar dados dos consumidores de forma eficaz, o que lhe poderá proporcionar uma vantagem significativa na personalização das ofertas de viagens. No entanto, Sileo sublinha ainda que a complexidade do setor das viagens apresenta desafios que a Amazon ainda não provou ser capaz de ultrapassar.

Max Starkov, consultor de tecnologia de hotelaria e viagens da Hospitality Net, oferece uma perspetiva semelhante, recordando as tentativas falhadas da Amazon de entrar no mercado com projetos como o Amazon Local e o Amazon Destinations. Starkov defende que a complexidade da gestão do inventário de viagens, que é extremamente perecível e diversificado, foi um obstáculo intransponível para a Amazon nos seus esforços anteriores.

A estratégia de colaboração: uma oportunidade viável

Apesar dos desafios, algumas marcas acolheram bem a colaboração com a Amazon. Amy Martin Ziegenfuss, diretora de marketing da Carnival Cruise Line, destaca na Phocuswire a capacidade da Amazon em fornecer acesso a um público específico e altamente envolvido, o que lhes trouxe muitos benefícios durante eventos como o Prime Day. Da mesma forma, a Viator começou a tirar partido da plataforma da Amazon, integrando-se com serviços como o Alexa para expandir o seu alcance de distribuição.

Opiniões de especialistas: parcerias ou aquisições?

Vários especialistas do setor têm debatido intensamente na Hospitality Net sobre a melhor estratégia para a Amazon conseguir uma entrada significativa no mercado de viagens. Peter O’Connor, professor de estratégia na University of South Australia Business School, sugere que a Amazon poderia optar por fazer parcerias com os intervenientes existentes no mercado, em vez de tentar uma entrada direta, devido às complexidades inerentes ao setor.

Por outro lado, Simone Puorto, fundadora e CEO da Rebyū, defende que a Amazon deveria considerar aquisições estratégicas para obter a tecnologia e o conhecimento necessários. Puorto vê a Expedia como um potencial alvo, o que permitiria à Amazon integrar rapidamente conhecimentos avançados no setor das viagens.

Ainda assim, e apesar do cepticismo, estes especialistas não descartam a entrada da Amazon no mercado das viagens. Linchi Kwok, professor do Collins College of Hospitality Management da Cal Poly Pomona, salienta que a Amazon já está envolvida no setor, fornecendo infraestruturas tecnológicas para companhias aéreas e hotéis através da Amazon Web Services (AWS). Kwok sugere que a Amazon poderá beneficiar da aquisição de uma OTA existente se decidir expandir-se significativamente no setor.

Conclusão

Em última análise, a capacidade da Amazon para transformar a indústria das viagens dependerá da sua capacidade de adaptação às complexidades do sector e da sua vontade de investir em parcerias estratégicas ou aquisições.

Embora os especialistas estejam divididos sobre o futuro da Amazon nesta área, o consenso geral é que a empresa tem potencial suficiente para causar um impacto significativo se acertar no foco. Com o tempo, veremos se a Amazon consegue tornar-se um player dominante na indústria de viagens, ou se os seus esforços serão relegados para iniciativas isoladas e colaborações estratégicas.

Para mais detalhes, pode consultar os artigos originais no Phocuswire e Hospitality Net.