Distribuição
A distribuição online está a mudar. O panorama atual oferece-nos um cenário talvez impensável há apenas dois anos, em que parecia que o domínio do canal da Internet era exclusivo de plataformas como Booking.com ou Expedia.
27-01-2020
Hoje, os "grandes” parecem ter perdido força em detrimento de outro “grande”, o Google, que, de alguma forma, leva as unidades turísticas a repensar a sua estratégia e avaliar outras opções de marketing. Para analisar essa situação, conversamos com Diego Latorre, revenue manager da HotelsDot.
— Na sua opinião, quais são os motivos dessa mudança?Para entender o momento em que vivemos, é muito importante olhar para trás e analisar os últimos passos que o Google deu.
Nesse sentido, podemos ver como o mecanismo de pesquisa relegou para segundo plano os resultados orgânicos (aqueles que não são pagos) no setor de viagens.
Presentemente, o turista que faz uma consulta no Google sobre hotéis verá primeiro os links pagos, em segundo lugar as propostas que o Google oferece por meio da plataforma Google Hotels e,num nível mais baixo, os resultados não pagos (SEO).
Isso dificulta a venda quando a estratégia não está definida corretamente no mecanismo de pesquisa. O Google acha que é muito provável que o usuário encontre acomodações muito antes de chegar aos resultados orgânicos.
Além disso, isso não afeta apenas os hotéis, mas também os OTAs que viram o investimento no Google aumentar, a fim de otimizar o posicionamento dos mecanismos de pesquisa.
— Então, quais são as opções como estabelecimento hoteleiro?Devemos continuar a apostar num mix de distribuição apropriado. Conhecer perfeitamente o seu cliente é o que realmente o ajudará a tomar a decisão certa sobre onde deve estar. Hoje existem muitos turistas fidelizados a certas plataformas de marketing e que dificilmente mudarão seus hábitos de reserva.
Mesmo assim, é verdade que o Google Hotel Ads, uma ferramenta do Google que mostra os hotéis no Google Hotels, ganhou bastante força nos últimos meses. A sua evolução e as vantagens que oferece ao hoteleiro tornam necessário considerar investir nessa plataforma.
— Quais são essas vantagens?Vamos pensar por um momento que somos turistas e estamos a planear uma viagem a uma cidade espanhola, por exemplo, Barcelona.
Agora, pergunto: por onde começaria a pesquisa de informações? Acho que não me engano muito se afirmar que a resposta é no Google, um simples «hotel em Barcelona» dar-nos-á os primeiros resultados.
Como mencionamos anteriormente, os links pagos (SEM) aparecerão primeiro. Essas posições são normalmente ocupadas pela Trivago, Expedia, TripAdvisor ou Booking.
A verdade é que é muito provável que cliquemos num deles, especialmente se formos usuários regulares. Mas também é verdade que mais e mais turistas estão a parar na plataforma do Google Hotels que aparece em segundo lugar.
Especificamente, o Google Hotels oferece-nos uma lista de hotéis com fotografia, preço e localização no Google Maps. Além da possibilidade de disponibilizar um primeiro filtro por data e ofertas, entre outros.
Mas o mais importante é que, ao aceder a plataforma, encontramos um comparador de preços, como mostra a imagem abaixo, para finalizar a reserva com o anunciante que nos oferece as melhores condições , e se esse for o hotel, o estabelecimento receberá uma reserva direta.
— E quanto custa o hoteleiro?O Google oferece diferentes modelos de pagamento. Pode encomendar o mecanismo de pesquisa por reserva ou estadia ou clicando no seu anúncio.
Obviamente, o custo por reserva dependerá do modelo de campanha escolhido (CPC ou Comissão) mais o custo do próprio mecanismo de reserva do site (taxa mensal ou comissão por reserva). No entanto, o Google permite-nos marcar a percentagem de comissão que queremos pagar, garantindo que nunca exceda o custo de venda de uma OTA.
— CPC ou CPA?Pessoalmente, acredito que o modelo de pagamento de comissões acabará por substituir o CPC, pelo menos nos hotéis, por ser uma alternativa mais segura. É uma questão de lógica.
No final, o que eu quero é vender quartos de hotel e não acumular cliques que não contribuam em nada para minha venda direta. Como consequência, o que devo é apostar em um modelo baseado na conversão.
— Acha que os resultados justificam o custo?O custo dos anúncios de hotéis do Google deve ser realmente entendido não apenas como uma maneira de obter reservas diretamente no seu site.
É importante ter em mente que, para hotéis mais pequenos e estabelecimentos independentes, é possível posicionar-se na primeira página do Google em pesquisas amplas como "hotéis em Barcelona", algo que não seria possível a um custo mais ou menos razoável para esse tipo de estabelecimento.
De alguma forma, poderíamos dizer que o Google Hotel Ads permite maior visibilidade ao seu sistema de reservas diretas.
Nesse sentido, o que o Google Hotel Ads oferece é a oportunidade de melhorar a lucratividade das vendas, reduzindo a participação de clientes OTA e aumentando as vendas diretas.
— É difícil aceder os anúncios de hotéis do Google?Não. Existem dois caminhos, através do fornecedor do motor de reservas ou pode fazer isso manualmente. Eu acho que a melhor maneira é através do seu fornecedor. Atualmente, a maioria já são parceiros de integração.