Distribuição

As OTAs geram procura?

A indústria hoteleira opera em um ambiente onde a demanda é influenciada por uma variedade de fatores económicos e sociais complexos.

10-02-2024 . Por TecnoHotelPortugal

As OTAs geram procura?

Estes incluem a situação económica geral nos países de origem e destino, os níveis de rendimento dos turistas, o custo e o tempo de viagem, a evolução dos preços, a concorrência de outros destinos ou as taxas de câmbio, entre outros. Neste intrincado cenário, surge uma questão crucial: qual é o papel das agências de viagens online (OTAs) como Booking.com, Destinia ou Trip.com na geração de demanda turística?

A opinião geral sobre as OTA e a sua capacidade de gerar procura é diversa e muitas vezes contraditória. Por um lado, argumenta-se que as OTA, com os seus investimentos anuais significativos em marketing, são um motor da procura de hotéis. Por outro lado, há uma perceção de que as OTAs simplesmente facilitam e atendem a demanda já existente, redirecionando-a de um hotel para outro e raramente de um destino para outro.

Lendo diferentes opiniões sobre este tema, deparei-me com a de Larry Mogelonsky, da Hotel Mogel Consulting, na HospitalityNet. Mogelonsky fornece uma perspetiva interessante ao diferenciar entre "gerar" e "estimular" a demanda. Segundo ele, embora as OTAs não gerem demanda em sentido estrito, elas a estimulam por meio de suas campanhas publicitárias, aumentando a conscientização sobre viagens. Essa distinção sugere que, embora as OTAs não criem a necessidade de viajar do zero, elas contribuem para aumentar o interesse em fazê-lo.

Enquanto isso, um relatório da Expedia, "Caminho para a compra", fornece informações adicionais. Revela que, na fase de inspiração, as OTAs não são a principal fonte online; As redes sociais e outros sítios Web desempenham um papel mais dominante. No entanto, programas de fidelidade OTA, como o Booking's Genius, onde os usuários acumulam pontos e recompensas, podem ser considerados uma forma de geração de demanda, incentivando os usuários a viajar mais.

Outros especialistas, como Simone Puorto, CEO da Futurist, apontam que as OTAs são ótimas para capturar a demanda existente, mas é improvável que criem demanda do zero. Fatores como a imagem do destino são mais decisivos na decisão dos turistas. Embora as OTAs invistam substancialmente em marketing, esses esforços se concentram em atividades de meio e fim de funil, como pesquisa de marca e publicidade direcionada, em vez de geração de demanda inicial.

Em suma, as OTAs são plataformas eficientes que facilitam a capacidade dos hóspedes de reservar hotéis nos destinos escolhidos, oferecendo uma gama de opções e recomendações personalizadas. Essas características os tornam ferramentas que atendem às expectativas dos viajantes modernos, embora sua capacidade de gerar nova procura ainda seja uma questão de debate.

Há especialistas que defendem que o simples facto de as OTAs darem visibilidade aos destinos e alojamentos pode ser considerado uma forma de geração de procura. Esta visibilidade pode levar os consumidores a considerar opções de viagem que não tinham pensado anteriormente, promovendo assim o desejo e a decisão de viajar.

No entanto, outros consideram que as OTA têm uma influência limitada no nível macro do destino. As pessoas viajam por duas razões principais: porque têm de o fazer (em negócios) ou porque querem (em lazer). Neste último caso, os consumidores muitas vezes não usam plataformas OTA para inspiração, mas sim para procurar alojamento e outros serviços de viagem uma vez que a decisão de destino já tenha sido tomada.

De tudo isso, podemos concluir que a publicidade OTA, que muitas vezes apresenta destinos inspiradores, é um dos muitos fatores que levam os consumidores a embarcar em sua jornada. No entanto, é a combinação de todas estas influências que, em última análise, determina se um consumidor decide viajar ou não. Em conclusão, o papel das OTA na geração da procura é uma questão complexa. Embora existam opiniões que destacam a sua capacidade de estimular e facilitar a procura existente, há também argumentos que apontam para a sua influência limitada na criação da procura

 

 

 


Autor: David Val Palao, Director de TecnoHotel Espanha

 

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